quinta-feira, maio 03, 2012

Poderá ser esta pessoa um homem, reformado, com 81 anos, ou uma senhora de meia idade, pertencente a um coro...? Um neuro-cirurgião? Um musico? Um prisioneiro?

O que é a solidão?
Será errado pensar que estamos sós? Que não há ninguém que verdadeiramente nos entenda? Alguém que partilhe das mesmas experiências vividas até então? Aquele que quando iniciamos uma frase, ele acaba quase contando a nossa história enquanto está na nossa mente? De todo o Mundo, existir uma alma realmente gémea? Como partilhar ideias, sensações, desilusões, esperanças, medos, opiniões...com alguém que não as perceba na totalidade do nosso ponto de vista (leia-se vivência)?
Haverá um parceiro de vida em todo o romantismo da nossa própria existência, sendo ou não do mesmo sexo?
Não estou a falar do Amor porque aí, havendo alguém que conseguisse "ler" tudo em nós e nós nele, seria um desastre. Menciono aquele bound de gémeos, mas sem relação de parentesco, alguém, que mesmo do mesmo género, seja capaz de nos acompanhar em todo o raciocínio e pensamento. Será que existe alguém assim para nós? E se existe, como posso chegar a essa pessoa...
Podemos ter mil e um amigos, mas para mim, que sou um esquisito de primeira em revelar os sentimentos e pensamentos, necessito de uma quase cópia de mim. Alguém que perceba, pela sua experiência, tudo que poderá sair da minha, muitas vezes, perversa mente.
Para quem me conhece, vê o extrovertido, brincalhão, bem disposto, sempre na "ramboia", Vladimiro... Mas gostava de estar frente-a-frente aquela pessoa que não me conhece, nunca me viu, mas sabe imediatamente quem sou.
Conhecemos muita gente, mas de todas, não sabemos quem são ao certo. Temos um conhecimento empírico de todas elas, mas nunca, nunca, mas mesmo nunca saberemos quem são. Daí o meu dilema, porque sabendo que existe uma quase nula probabilidade que haver alguém no mundo que saiba quem sou, e eu saiba quem ela é, existirá ela de verdade, ou estaremos sós no mundo? Poderá ser esta pessoa um homem, reformado, com 81 anos, ou uma senhora de meia idade, pertencente a um coro...? Um neuro-cirurgião? Um musico? Um prisioneiro? 
Percebo e considero que esta foi sempre uma questão que me persegue desde o tempo das primeiras aulas de filosofia, onde a descoberta do resposta abre a porta para algo mais vasto. E após estes anos, a ideia persegue-me, fez um pouco daquilo que sou...não diria independente, mas talvez algo entre o egocêntrico e o altruísta, pois apesar de ter a minha vertente do meu EU muito vincada, tenho o dom de ser o que posso para os outros. 
E assim surge a questão, e percebo que estou só, pois em dias como o de hoje, estou realmente só, não conheço quem possa realmente entender o que vai na minha cabeça, no coração, nas veias, nos poros...
Claro que quem ler isto e pensar, "coitado, está com uma crise existencialista qualquer, e aguda!", está a milhas de saber quem sou. Poderá conhecer-me, mas como referi, não faz a mínima de quem sou. 
Sei quem sou e que não estou desamparado, mas a pergunta está aí, quem poderá fazer-me companhia?